Estamos vivendo um período onde o fenômeno da corrupção assumiu proporções extremas e manifestando-se em praticamente todas as esferas da sociedade. Mas o que é “ser corrupto” e qual é a sua parcela de participação nesse fenômeno?
A palavra Corrupção, de acordo com o dicionário Michaelis, vem do latim corruptione e significa "ação ou efeito de corromper", "decomposição", "putrefação", "depravação", "desmoralização", "devassidão", "sedução" e "suborno". Em nossa sociedade a palavra ficou culturalmente relacionada a atos desonestos.
Não há uma única razão que leva uma pessoa a ser corrupta. Existem inúmeras pesquisas e estudos sobre este fenômeno nos campos da psicologia, psiquiatria, sociologia, neurociências, entre outros, que apontam para diversos fatores relevantes. Isso nos leva a conclusão de que o comportamento corrupto (seja ele frequente ou apenas em um determinado contexto) é determinado de forma multifatorial. Sendo assim, para dizer o porquê de uma pessoa ter se corrompido, seria necessário analisar todo o seu histórico de vida e todos os contextos que a envolveram até aquele determinado momento.
Independentemente da causa, é possível mencionar os três tipos mais comuns de corruptos que existem em nossa sociedade:
Corrupto Manipulador: é aquele que identificou a corrupção como uma fonte de lucros e benefícios para si mesmo, consegue aprender os processos e desenvolver mecanismos para exercê-la da maneira mais lucrativa e discreta possível, manipulando, dissimulando e usando quaisquer recursos para alcançar, manter e ampliar suas metas de corrupção. Muito comum entre psicopatas, políticos e líderes religiosos.
Corrupto Hipócrita: não é tão elaborado quanto o manipulador, mas também compreende os mecanismos que envolvem a corrupção e os usa em seu benefício, sabe conscientemente que é corrupto, mas nega isso terminantemente, mesmo diante de provas concretas contra seus atos. Não sendo tão discreto, assume uma postura de atacar outros, com o propósito de tirar o foco de si próprio e ao mesmo tempo eliminar concorrentes.
Corrupto por Negação: é aquele que aprendeu a corrupção culturalmente e a exerce em seu dia a dia de forma natural, não identificando suas atitudes como atos de corrupção. Critica e se sente agredido pela corrupção exercida por outros, mas quando um policial o aborda para dar uma multa, ele logo oferece uma propina em troca de ser liberado; não devolve para o dono a carteira ou celular perdido que encontrou na rua, fura fila sempre que possível, tem gatos de luz, água, tv a cabo, etc. e inúmeros outros delitos, mas acredita não ser corrupto e quem é corrupto são apenas os políticos que roubam muitos milhões.
Negar fazer parte de um fenômeno tão negativo quanto à corrupção é um mecanismo psicológico de fuga que a pessoa desenvolve para não ter que tomar providências concretas contra suas atitudes, que implicaria em uma revisão moral e em mudanças difíceis. Nega-se a existência de um problema, que em alguns momentos traz benefícios, para não ter de enfrentá-lo, evitando a reprovação social, mantendo as crenças pessoais de integridade, honestidade e consciência “leve”.
Por mais doloroso que possa ser, para rompermos com a doença da corrupção, é preciso dar o primeiro passo, ou seja, reconhecermos o problema em todas as suas dimensões para podermos encontrar as soluções.
Seja qual for a razão, a corrupção nunca deve ser justificada ou aceita, sendo uma responsabilidade de cada um de nós evitá-la e combatê-la constantemente.
Alexandre Costa – Colunista do RC24h, Psicólogo, bacharel em Teologia e pós-graduado em Sexualidade humana. www.facebook.com/alexandre.costa.psicologo